Nos últimos meses o grande assunto tem sido a Inteligência Artificial e com ela diversas novidades surgiram no mercado.
Parando para refletir melhor a Inteligência Artificial, que teve seu grande boom com o lançamento do famoso ChatGPT, modelo de processamento neural artificial, várias áreas tiveram a intercessão desta nova ferramenta, já em outras áreas foram desafiadas de maneira mais controvérsia, como a saúde mental.
Umas pesquisa nos Estados Unidos da América pegou uma amostragem de pessoas e as submeteram a testes. Sem saberem foram submetidos a conversas com duas pessoas, uma delas era uma IA e outra um profissional de saúde mental, tudo por conversa de texto. O resultado? A maioria sentiram que o atendimento da IA teve mais empatia no processo de escuta.
Por isso é importantes refletirmos, qual é o futuro dos processos terapêuticos, como a própria Psicanálise com a inteligência artificial. Conversamos então com o especialista e doutorando em ciberpsicologia, Dr. Leonardo Rabelo, sobre o assunto:
Quando nós escrevemos ou falamos, o ChatGPT me dá uma resposta, ou seja, a minha capacidade nata de dar a vida as coisas me faz ter uma ideia de que aquilo tem vida, que aquilo de certa maneira se relaciona comigo. A própria indústria quando constrói os produtos está sempre tentando reproduzir algo do nosso mundo, da nossa forma de ver o mundo, uma tendência humana de construir coisas antropomorfizadas, por exemplo, quando fazem um robô coloca-se olho, boca e ouvidos. Isso facilita o processo, até mesmo quando levamos para o cenário do cinema.
Extraídas de nossa live: Psicanálise e Inteligência Artificial.
Dito isto, podemos dizer que a relação do ser-humano no futuro com a IA será muito mais próxima do que temos hoje. E dentro da clínica psicanalítica enxergamos como está essa proximidade afeta o ser humano, considerando o contexto psíquico de ter que lhe dar com tecnologias que vão além da capacidade humana de armazenar dados por exemplo.
De fato a inteligência artificial tem se tornado uma preocupação quanto a substituição de diversas áreas.
Entretanto ao considerar a terapia psicanalítica ainda podemos afirmar com toda certeza que a inteligência artificial, por mais sofisticada que seja, ainda não consegue capturar a riqueza dos elementos que são essenciais para a construção do fazer analítico, pois a Psicanálise se debruça profundamente na subjetividade humana e valoriza a dimensão simbólica do setting terapeutico bem como a complexidade da relação analítica.
Ela entende que na figura do próprio analista, que possui também um inconsciente, o paciente identifica-se e que através do fenômeno da transferência, o analista captura esses elementos inconscientes de seu paciente, formando assim um par analítico que favorece o andamento da análise de maneira positiva, aspectos estes que ainda não podem ser plenamente replicados por sistemas artificiais.
A complexidade da relação terapêutica exige uma compreensão que vai além da lógica binária.
Assim, concluímos que, embora a inteligência artificial ofereça novas possibilidades para a saúde mental, a psicanálise continua a ser um campo essencial para a compreensão da subjetividade humana. No futuro, é possível que a IA se torne uma ferramenta auxiliar ainda mais os profissionais da área, como já tem auxiliado na área de diagnósticos, mas a experiência humana continuará sendo o coração da psicanálise, mesmo que o ser-humano seja um transumano ele continua sendo humano.
Como diria Freud, onde há um Ego há um Id que se opõe a ele.
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